quinta-feira, dezembro 06, 2007
quarta-feira, dezembro 05, 2007
quarta-feira, novembro 28, 2007
terça-feira, novembro 27, 2007
sexta-feira, novembro 16, 2007
:s
Numa aula de apoio de Língua Portuguesa:
- Nunca mais chega as cinco horas...!
- Pra quem?
-Pa mim ir treinar.
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segunda-feira, novembro 12, 2007
sexta-feira, novembro 02, 2007
quinta-feira, outubro 11, 2007
segunda-feira, outubro 08, 2007
Prémio Assento da Sanita 2007
O Jornal Ocasião é um mundo a descobrir. Se o "apto" (?)das hemorróidas começasse a trocar correspondência com o colostomizado, tinhamos argumento para a terceira série do Serviço de Urgências.
Posted by VD at 16:06 0 comments
sexta-feira, agosto 03, 2007
quinta-feira, julho 05, 2007
segunda-feira, junho 18, 2007
segunda-feira, junho 04, 2007
segunda-feira, maio 28, 2007
quinta-feira, maio 17, 2007
Por vezes há livros que nos surpreendem. Mas é preciso fugir da Fnac, daquele ar rarefeito onde se respira best-sellers e pó de alcatifa.
Prefiro a penumbra fresca de uma biblioteca, um livro velhinho em papel almaço, ainda com o preço na página de rosto... 120$00. Como este que encontrei há dias: Metello, uma pérola do realismo italiano, sob púdico (ou censurado?) título, Um rapaz de Florença. E numa edição de 1957, com as folhas ainda virgens (coladas entre si). Incrível!
Capítulo VIII
“E vêm dias feitos de esperas intermináveis, ou de clamores, de sofrimento, de isolamento, de alegrias que nos consomem o coração, e que, apesar de tudo, não deixam de correr. A nossa vida toma então outro rumo. Metello conheceu Ercília no enterro do pai, quando ela usava ainda tranças enroladas no alto da cabeça, como uma pequena asilada, com o rosto e os olhos a condizer, um véu negro sobre os cabelos negros. Era uma menina que tinha crescido muito depressa; a saia, que lhe chegava ao tornozelo, fazia-a ainda maior de estatura. Amparava a mãe e contemplava o irmão, mais novo que ela, que devia ter uns quinze anos. Era em Novembro de 1897 e o frio enregelava. Metello via-se ainda com o seu colarinho postiço, o seu fato de domingo, o chapéu na mão. Soprava um vento forte, as folhas precediam o cortejo fúnebre ao longo das ruas. Traziam a bandeira negra dos anarquistas e, apesar das lutas políticas que os antagonizavam, também a vermelha dos socialistas e a da Câmara do Trabalho. Era um comuneiro que ia a enterrar, um pedreiro pelo qual, como trabalhador e como homem, toda a gente tinha tido amizade e consideração. Mas, mais que no morto, encerrado no caixão, em quem os homens do préstito pensavam era nos soldados que iam enfrentar por causa destas bandeiras, e que esperavam ver surgir a cada encruzilhada.
O gesto não fora ideia deles; aquilo não era uma provocação de anarquistas e socialistas; fora Quinto que pedira antes de morrer:
“Levem-me com as bandeiras. Viva Cafiero!”
Tinha chamado os dois filhos à cabeceira:
“Lembrem-se que eu e a vossa mãe é como se fôssemos casados.”
“Sim, papá.” ,tinha dito Ercília. “Eram as tuas ideias.”
Parecia uma menina repetindo uma lição, mas ao mesmo tempo uma senhora tranquilizando o seu pai, enquanto, talvez, pronunciasse mentalmente uma oração. Metello estava perto da cama e olhava-a.
Olhava-a ainda, no enterro, enquanto marchava alguns passos adiante, quando, - como afinal se esperava- se ouviram as cornetas e surgiu um pelotão de soldados. Voaram barretes, saltaram vários botões de colarinhos postiços, dispararam-se tiros para o ar. O carro mortuário desaparecera, porque os cavalos tinham perdido o freio. No dia seguinte soube-se que o carro chocara com o lado de um ónibus e o caixão ficara destampado no meio da rua. O único elemento que permanecera intacto no meio do sarrabulho foram os estandartes, que os porta-bandeiras, protegidos pelos companheiros, na primeira investida, tinham posto a salvo, desfraldando-os de longe. Metello e alguns outros passaram a noite no posto. O comissário da circunscrição, “que não era nenhum carrasco” (há sempre um que se salva), achou melhor não consultar os cadastros. Soltou-os de madrugada, a tempo ainda de que os que tinham de trabalhar não perdessem o dia.
Ercília esperava-o diante da construção; na calçada ainda lá estava a nódoa de sangue que o pai havia deixado. Foi ao encontro dele e estendeu-lhe a mão.”
Vasco Pratolini, “Um rapaz de Florença”, Europa-América, 1957
Prefiro a penumbra fresca de uma biblioteca, um livro velhinho em papel almaço, ainda com o preço na página de rosto... 120$00. Como este que encontrei há dias: Metello, uma pérola do realismo italiano, sob púdico (ou censurado?) título, Um rapaz de Florença. E numa edição de 1957, com as folhas ainda virgens (coladas entre si). Incrível!
Capítulo VIII
“E vêm dias feitos de esperas intermináveis, ou de clamores, de sofrimento, de isolamento, de alegrias que nos consomem o coração, e que, apesar de tudo, não deixam de correr. A nossa vida toma então outro rumo. Metello conheceu Ercília no enterro do pai, quando ela usava ainda tranças enroladas no alto da cabeça, como uma pequena asilada, com o rosto e os olhos a condizer, um véu negro sobre os cabelos negros. Era uma menina que tinha crescido muito depressa; a saia, que lhe chegava ao tornozelo, fazia-a ainda maior de estatura. Amparava a mãe e contemplava o irmão, mais novo que ela, que devia ter uns quinze anos. Era em Novembro de 1897 e o frio enregelava. Metello via-se ainda com o seu colarinho postiço, o seu fato de domingo, o chapéu na mão. Soprava um vento forte, as folhas precediam o cortejo fúnebre ao longo das ruas. Traziam a bandeira negra dos anarquistas e, apesar das lutas políticas que os antagonizavam, também a vermelha dos socialistas e a da Câmara do Trabalho. Era um comuneiro que ia a enterrar, um pedreiro pelo qual, como trabalhador e como homem, toda a gente tinha tido amizade e consideração. Mas, mais que no morto, encerrado no caixão, em quem os homens do préstito pensavam era nos soldados que iam enfrentar por causa destas bandeiras, e que esperavam ver surgir a cada encruzilhada.
O gesto não fora ideia deles; aquilo não era uma provocação de anarquistas e socialistas; fora Quinto que pedira antes de morrer:
“Levem-me com as bandeiras. Viva Cafiero!”
Tinha chamado os dois filhos à cabeceira:
“Lembrem-se que eu e a vossa mãe é como se fôssemos casados.”
“Sim, papá.” ,tinha dito Ercília. “Eram as tuas ideias.”
Parecia uma menina repetindo uma lição, mas ao mesmo tempo uma senhora tranquilizando o seu pai, enquanto, talvez, pronunciasse mentalmente uma oração. Metello estava perto da cama e olhava-a.
Olhava-a ainda, no enterro, enquanto marchava alguns passos adiante, quando, - como afinal se esperava- se ouviram as cornetas e surgiu um pelotão de soldados. Voaram barretes, saltaram vários botões de colarinhos postiços, dispararam-se tiros para o ar. O carro mortuário desaparecera, porque os cavalos tinham perdido o freio. No dia seguinte soube-se que o carro chocara com o lado de um ónibus e o caixão ficara destampado no meio da rua. O único elemento que permanecera intacto no meio do sarrabulho foram os estandartes, que os porta-bandeiras, protegidos pelos companheiros, na primeira investida, tinham posto a salvo, desfraldando-os de longe. Metello e alguns outros passaram a noite no posto. O comissário da circunscrição, “que não era nenhum carrasco” (há sempre um que se salva), achou melhor não consultar os cadastros. Soltou-os de madrugada, a tempo ainda de que os que tinham de trabalhar não perdessem o dia.
Ercília esperava-o diante da construção; na calçada ainda lá estava a nódoa de sangue que o pai havia deixado. Foi ao encontro dele e estendeu-lhe a mão.”
Vasco Pratolini, “Um rapaz de Florença”, Europa-América, 1957
Posted by VD at 18:29 1 comments
segunda-feira, maio 14, 2007
segunda-feira, maio 07, 2007
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